A decisão de enviar tropas da Força Nacional ao Ceará em meio a uma onda de ataques do crime organizado foi tomada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, depois de a equipe dele concluir que as forças estaduais não conseguiriam debelar a crise.
Em um primeiro momento, na noite da quinta-feira (3), um comunicado do Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que a Força Nacional só iria "se deslocar ao Estado em caso de deterioração da segurança". Mas às 10h56 desta sexta-feira (4), a portaria do ministro Sergio Moro autorizou o envio de 300 homens e 30 viaturas ao local por 30 dias. A portaria foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União no final da tarde.
Moro está em contato desde ontem à noite com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Os três e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, se reuniram nesta manhã, quando foi batido o martelo pelo envio de reforço.
O general Heleno disse que Moro explicou na reunião a necessidade das medidas e todos concordaram. "Há uma grande preocupação mas avaliamos que, com o envio da Força Nacional para lá, a situação vai normalizar", disse Heleno.
Moro ganhou também o elogio de Bolsonaro. "Foi muito hábil, rápido e eficaz para atender ao Estado, cujo governador reeleito é uma posição radical à nossa. Nós jamais faremos oposição ao povo de qualquer Estado. E o povo do Ceará precisa nesse momento", disse o presidente.
Atualizada às 16h20
52 presos são indiciados sob suspeita de elo com ataques no Ceará
Com a suspeita de que os ataques que atingem o Ceará pelo terceiro dia consecutivo, nesta sexta-feira (04/01), ocorreram a mando de presidiários, o governo estadual enviou policiais civis para dentro da CPPL 3 (Casa de Privação Provisória de Liberdade 3). Segundo o secretário da Segurança, André Costa, 52 detentos haviam sido indiciados por desobediência, resistência e motim até ontem (3). Outros 250 também devem ser indiciados.
No CPPL 3 estão presos membros da facção paulista PCC (Primeiro Comando da Capital). Nos CPPL 1 e 4, do CV (Comando Vermelho). E no CPPL 2, membros da GDE (Guardiões do Estado). Nas quatro unidades, há presos também que não são ligados a facções. "As autuações impactarão negativamente na progressão de regime dos indiciados. Toda ação dentro do sistema será devidamente formalizada pela Polícia Civil, para que esses internos respondam por novos crimes praticados", afirmou o secretário.
Além dos que já estão detidos, foram presos sob suspeita de participação nos atos violentos 45 pessoas até o início da tarde desta sexta em Fortaleza, região metropolitana e no interior do estado. "Todos os criminosos envolvidos serão identificados e capturados, sendo apresentados à Justiça", afirmou o secretário André Costa.
Questionado em Brasília se os recentes atos de violência estão diretamente ligados à disputa entre facções, o secretário nacional de Segurança Pública, o general Guilherme Theophilo, afirmou que "as ordens vêm de dentro dos presídios". Para o general, a escalada criminosa se apoia também na conivência de agentes do estado, já que muitas vezes aparelhos celulares entram nas cadeias por meio de corrupção policial.
"Se vocês notarem a quantidade de telefones celulares que foram apreendidos dentro dos presídios... Quem acompanha o estado do Ceará vê que, muitas vezes, esses celulares que entram têm conivência até das guardas penitenciárias. Nós temos um problema sério que é a facilidade de entrar o celular. (...) Essas ordens estão sendo emanadas de dentro dos presídios", complementou.
Atualizada às 13:54
Governo do Ceará nomeia 593 novos policiais e agentes penitenciários após série de ataques
Um total de 371 novos policiais militares foram nomeados nesta sexta-feira (4) e já entraram em serviço nas ruas do Ceará, após uma série de ataques criminosos contra ônibus e prédios públicos. Além do reforço policial, o governador Camilo Santana determinou a imediata nomeação de 220 agentes penitenciários, antes prevista para o mês de março.
Desde o início dos ataques, na madrugada de quinta-feira, diversos ônibus e vans do transporte público foram queimados. Além disso, criminosos atacaram prédios públicos, agência bancárias e delegacias. Uma bomba foi colocada na coluna de um viaduto na BR-020, em Caucaia, e corre risco de desabar. Segundo a Secretaria da Segurança do Ceará, 20 suspeitos foram detidos desde quarta-feira.
Os novos policiais se apresentaram no Comando Geral da Polícia Militar. Eles devem começar a atuar nas ruas imediatamente, conforme a PM.
O governador Camilo Santana já havia anunciado na quinta-feira (3), por meio de uma rede social, a nomeação dos agentes com uma das medidas adotadas para proteger a população e coibir as ações criminosas registradas em Fortaleza e na Região Metropolitana.
“Estive reunido com toda a cúpula da Segurança Pública e Sistema Penitenciário e reforcei minha determinação de continuar agindo com todo o rigor e dentro da lei para coibir as ações criminosas e estabelecer o total controle das unidades prisionais, conforme todo o planejamento que já vem sendo feito no Ceará”, escreveu Camilo Santana.
ATUALIZADA ÀS 11H05
Sérgio Moro autoriza atuação da Força Nacional no Ceará
O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou o uso da Força Nacional, por 30 dias, para atuar na onda de violência no estado do Ceará. A Força Nacional deve atuar em policiamento ostensivo e outras ações de segurança em apoio às forças policiais já em operação no estado.
Nesta quinta-feira (3), o estado registrou motim na Casa de Privação Provisória de Liberdade, em Fortaleza, e ataques a ônibus. No mesmo dia, Moro determinou à Polícia Federal, à Polícia Rodoviária Federal e ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) que tomem as "providências necessárias" de apoio ao estado.
De acordo com a portaria, para autorizar a medida, Moro considerou os epsódios de violência no estado nos últimos dias e as dificuldades das forças estaduais de atenderem sozinhas à ação do crime organizado.
Desde a virada do ano, o estado enfrenta uma onda de violência. Nos últimos dias, prédios e veículos públicos, delegacias e agências bancárias foram alvos de ataques incendiários.
Desde o início dos ataques, 13 ônibus foram incendiados, tiros foram disparados contra prédios e bancos, e artefatos caseiros incendiários foram arremessados contra delegacias. Uma bomba foi colocada na coluna de um viaduto na BR-020, em Caucaia, e corre risco de desabar.
Prefeitura, banco e delegacia são alvos na 2ª noite violenta no CE
Cidades da Grande Fortaleza registraram mais uma noite e uma madrugada de ataques. Prefeitura, agências bancárias e delegacias foram os alvos de ataques incendiários na madrugada desta sexta-feira (4). Desde a noite de quarta-feira (2), ocorreram 41 ataques em Tinguá, Pacatuba, Horizonte, Maracanaú, Fortaleza, Caucaia, Pindoretama, Eusébio, Morada Nova e Canindé.
Desde o início dos ataques, 13 ônibus foram incendiados, tiros foram disparados contra prédios e bancos, e artefatos caseiros incendiários foram arremessados contra delegacias. Uma bomba foi colocada na coluna de um viaduto na BR-020, em Caucaia, e corre risco de desabar. Segundo a Secretaria da Segurança do Ceará, 18 suspeitos foram detidos desde quarta, quando começaram os ataques.
A Secretaria de Segurança do Ceará não informou a motivação dos crimes. O presidente do Conselho Penitenciário do Estado do Ceará, Cláudio Justa, acredita que os atentados são represália à fala do novo secretário de Administração Penitenciária (SAP), Luís Mauro Albuquerque, que foi nomeado para o cargo neste ano. O novo secretário afirmou que "o Estado não deve reconhecer facção" em presídio e fará fiscalização rigorosa para evitar a entrada de celular nas unidades prisionais.
Luís Mauro Albuquerque ainda se posicionou contra a separação de detentos por facção criminosa nas unidades prisionais do Estado.
No ataque ao prédio da Caixa da Pajuçara, na madrugada desta sexta, um grupo invadiu a agência com um carro, quebrou as vidraças e em seguida incendiou o local. Os suspeitos estavam acompanhados de um grupo que deu apoio à fuga, de acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE).
Ainda durante a madrugada desta sexta-feira, o Palácio Municipal da Prefeitura de Maracanaú também foi atacado. Uma das salas no térreo, que estava em reforma, foi incendiada. A ação não resultou em vítimas e o fogo foi controlado logo em seguida. Ninguém foi preso até o momento.
Sequência de ataques, iniciada na noite de quarta, teve as seguintes ações:
Noite de quarta-feira (2)
Incêndio de ônibus coletivo no Bairro Edson Queiroz, em Fortaleza
Incêndio de ônibus coletivo no Bairro Parque Santa Rosa, em Fortaleza
Quinta-feira (3)